Em Coelho Neto, uma articulação direta entre representantes do grupo João Santos e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, o INCRA, abriu caminho para um desfecho aguardado há anos pelas famílias rurais do município.
Durante reunião com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, o grupo empresarial apresentou uma proposta formal para ceder parte de suas áreas de terra ao governo federal, em troca do abatimento de dívidas acumuladas junto à União.
A iniciativa, que já vinha sendo debatida nos bastidores, ganhou novos contornos ao trazer uma perspectiva de segurança territorial para dezenas de comunidades rurais que há décadas viviam sob ameaça de despejo. Segundo relatos de moradores, muitos temiam ser retirados de onde nasceram, criaram seus filhos e onde estão sepultados seus antepassados — um vínculo histórico que sempre impulsionou a resistência dessas famílias.
Apesar disso, a negociação tem gerado ruído político. Informações apontam que o atual representante dos trabalhadores teria tentado capitalizar a iniciativa, embora a participação efetiva do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Coelho Neto, o STTR, tenha sido nula durante todo o processo. Para muitos agricultores, essa ausência reforça um sentimento antigo: o de que, por anos, dirigentes ligados ao sindicalismo rural usaram as dificuldades do campo como trampolim político e financeiro, sem, de fato, articular soluções concretas para garantir a permanência das famílias em suas terras.
Juízo de valor
Se a proposta avançar e resultar na regularização definitiva das áreas, o impacto positivo para a população rural será profundo. A cessão das terras pelo grupo João Santos representa, pela primeira vez em muito tempo, uma possibilidade real de paz, estabilidade e pertencimento para comunidades historicamente vulneráveis. Famílias que viviam na incerteza agora podem sonhar com uma vida digna, sem medo de remoções forçadas.
Além disso, o processo evidencia uma mudança de postura institucional: negociações diretas, transparentes e com foco no interesse público, rompendo com um passado em que pautas rurais eram instrumentalizadas politicamente. Para a população do campo, isso significa mais que terra — significa reconhecimento, respeito e a chance de seguir construindo suas histórias no mesmo solo em que seus antepassados repousam.
Com a efetivação desse acordo, Coelho Neto pode estar diante de um avanço histórico, capaz de transformar não apenas o mapa fundiário do município, mas a autoestima de milhares de trabalhadores que, enfim, poderão dizer que a terra onde vivem também lhes pertence por direito.

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