Em um cenário político que levanta questionamentos sobre a independência do Legislativo, a cidade de Duque Bacelar vive uma situação curiosa: todos os nove vereadores da Câmara Municipal pertencem à bancada governista, alinhados ao prefeito Flávio Furtado, atualmente em seu quarto mandato.
O gestor, que ostenta o título de prefeito do município com maior número de contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas do Maranhão (TCE) e referendadas pela própria Câmara, utiliza essa situação como um trampolim político. A prática, prevista na legislação eleitoral, permite que, enquanto as contas rejeitadas sejam aprovadas pelos vereadores, ele se mantenha elegível para disputar sucessivas reeleições.
Essa unanimidade legislativa, longe de representar uma convergência saudável de ideias, é apontada por especialistas como um indício de fragilidade democrática. “Sem oposição, o sistema de freios e contrapesos, essencial para a fiscalização do Executivo, fica seriamente comprometido. Isso não é apenas uma peculiaridade local, mas um reflexo de como a legislação e a política podem ser manipuladas para perpetuar poderes”, afirmou um especiaista político consultado pela nossa reportagem.
A população, em sua maioria, parece alheia às implicações dessa configuração. Críticos temem que a ausência de vozes discordantes comprometa a transparência e a eficiência na gestão pública.
O caso de Duque Bacelar é um exemplo claro de como a política local pode se distanciar dos princípios democráticos, levantando uma reflexão sobre os mecanismos que tornam possíveis cenários de "unanimidade burra", onde o interesse público corre o risco de ser ofuscado por arranjos políticos e interesses pessoais.
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