Uma denúncia explosiva entregue no último dia 4 de agosto ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-MA) pode escancarar um dos maiores escândalos de corrupção já vistos no município de Duque Bacelar (MA).
O prefeito Flávio Furtado (PDT) e seu genro, o vereador Samuel Aragão — conhecido politicamente como Samuel Furtado — estão no centro de uma trama que envolve contratos suspeitos, empresas fantasmas e movimentações financeiras milionárias com indícios de lavagem de dinheiro.
De acordo com documentos e informações obtidas por fontes com trânsito nos bastidores da administração municipal, Samuel estaria operando o esquema por meio de contas bancárias em nome de terceiros e "laranjas", a fim de mascarar a origem e o destino de recursos públicos. As movimentações estariam ligadas à empresa Prime Serviços e Construção LTDA, registrada em Anapurus-MA, na Travessa Júlio Pires Monteles, sem número.
O que levanta ainda mais suspeitas é o curto espaço de tempo entre a fundação da empresa, em setembro de 2022, e o fechamento do seu primeiro contrato com a Prefeitura de Duque Bacelar, em maio de 2023. Apenas oito meses após sua criação, a empresa — que não possui sede física visível nem estrutura operacional compatível — já abocanhava contratos milionários com o município, sugerindo que teria sido criada exclusivamente para servir de fachada no esquema.
Segundo levantamento, a Prime Serviços firmou 28 contratos com a prefeitura, totalizando mais de R$ 17 milhões. Entretanto, o TCE reconhece apenas 19 contratos no valor de R$ 12,7 milhões, o que revela uma discrepância de mais de R$ 4 milhões entre os registros oficiais e os dados do Portal da Transparência, reforçando a suspeita de manipulação ou ocultação de informações.
Os pagamentos à empresa entre os anos de 2023 e 2025 somam R$ 14.963.485,34, distribuídos da seguinte forma:
2023: R$ 5.455.015,48
2024: R$ 7.624.245,20
2025: R$ 1.884.224,66
A denúncia aponta que a operação tem como principal articulador o vereador Samuel Furtado, ex-tesoureiro do município e genro do prefeito. Ele seria o responsável por coordenar a redistribuição dos valores por meio de contas de terceiros, burlando órgãos como a Receita Federal, o Ministério Público e o próprio TCE.
Além do desvio de recursos, a motivação por trás do esquema teria também fins políticos: fortalecer financeiramente Samuel para uma possível candidatura à prefeitura de Coelho Neto, onde o vereador tenta se viabilizar como pré-candidato, mesmo ainda sendo figura controversa por suas ligações com a gestão de Flávio Furtado.
Na tentativa de escapar dos holofotes e abafar o escândalo, Samuel estaria articulando uma verdadeira cortina de fumaça em Coelho Neto, buscando desviar o foco da população sobre seu envolvimento no escândalo de Duque Bacelar. O movimento faz parte da disputa interna pelo controle do clã Furtado, que tenta expandir sua influência política para além das fronteiras bacelarenses.
O caso agora está sob análise dos órgãos de controle, e as investigações devem avançar para confirmar o envolvimento dos citados e esclarecer o destino dos recursos públicos. Se confirmadas as denúncias, os responsáveis poderão responder por crimes como improbidade administrativa, lavagem de dinheiro, peculato e formação de organização criminosa.
Enquanto isso, a população de Duque Bacelar — que enfrenta diariamente problemas estruturais e serviços públicos precários — assiste estarrecida à revelação de mais um episódio de uso indevido do dinheiro público.
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