Na tarde de ontem, dia 13, a Secretaria Municipal de Educação de Duque Bacelar viveu um momento tenso e controverso.
Após um gravíssimo incidente na Creche Vovó Meirinha — onde uma criança de apenas um ano foi esquecida e trancada nas dependências da unidade ao final do expediente matutino — o Secretário de Educação, Jales Moura, convocou com urgência uma reunião com todos os funcionários da instituição, incluindo vigias, auxiliares e servidores sem relação direta com o ocorrido.
O episódio, por si só, já era alarmante e exigia uma resposta institucional firme, apuração rigorosa e ações preventivas para que algo tão sério jamais volte a ocorrer. No entanto, o que se viu durante a reunião convocada por Jales Moura foi um espetáculo de gritos, pressão e desrespeito generalizado, segundo relatos dos próprios presentes.
Com cópias da matéria publicada por este blog em mãos, o secretário teria distribuído o texto a cada um dos servidores e, em tom exaltado — que beirava o assédio moral —, teria repetido insistentemente frases como: “Quem não quiser trabalhar, entregue o cargo!”. A cena, presenciada por dezenas de profissionais, foi descrita como humilhante, sobretudo porque a maioria dos presentes não tinha qualquer ligação com a falha específica ocorrida no berçário.
Educadores e pedagogos ouvidos pela nossa reportagem classificaram a postura do secretário como inadequada, autoritária e contraproducente. Para eles, a condução correta seria uma conversa direta com os profissionais responsáveis pela criança naquele turno, buscando entender as circunstâncias do erro, antes de partir para atitudes punitivas generalizadas.
A reunião, que deveria ser um espaço de diálogo, reflexão e busca por soluções, transformou-se, segundo relatos, num tribunal emocional, onde o medo e a indignação tomaram o lugar da serenidade e da empatia. Muitos funcionários saíram do local profundamente revoltados, sentindo-se expostos, injustiçados e desvalorizados.
A crise na Creche Vovó Meirinha exige sim medidas firmes, apuração responsável e correções imediatas. Mas não se pode combater um erro com outro. Humilhar coletivamente profissionais que dedicam sua vida à educação não é liderança: é despreparo. Em vez de fortalecer o compromisso da equipe, a conduta do secretário parece ter gerado apenas insegurança, tensão e revolta.
A gestão da educação precisa ser feita com responsabilidade, sensibilidade e respeito. Afinal, educar — inclusive na crise — também é um ato pedagógico.