Um dia inesquecível
Sessão no Supremo Tribunal Federal (Rosinei Coutinho/SCO/STF/Divulgação) |
Tudo que
os ministros do Supremo Tribunal Federal pretendiam acertar em reunião marcada
para hoje a respeito do destino de Lula, ficou praticamente acertado, ontem,
por meio de troca de mensagens entre a maioria deles. Foi um dia e tanto!
Começou
com o ministro Gilmar Mendes dizendo em São Paulo que estudaria “com muito
cuidado” a concessão de um pedido de habeas corpus que beneficiaria Lula e
demais condenados pela Lava Jato. O ministro foi alvo de protestos e de tomates
jogados sobre seu carro.
O dia
acabou com Gilmar negando o pedido por considerá-lo “amplo demais”, e com a
ministra Cármen Lúcia concedendo uma nova entrevista para reafirmar sua decisão
de impedir que o tribunal volte a discutir a prisão de condenado em segunda
instância da Justiça.
Rolou
muita coisa entre o início e o fim do dia. Cármen chegou a admitir que poderia
levar o comportamento de Gilmar a exame do Conselho Nacional de Justiça se ele
concedesse o pedido coletivo de habeas corpus apresentado por um grupo de
juristas cearenses.
Pois um
medida dessas revogaria, na prática, todas as decisões tomadas pelo Supremo até
aqui no âmbito da Lava Jato. Seria a desmoralização do tribunal, e isso ela não
permitiria. Um interlocutor frequente do ministro Luís Roberto Barroso previu
que a reação dele seria outra.
Se Gilmar
acatasse o pedido de habeas corpus, Barroso, como relator do processo movido
pela deputada Maria do Rosário (PT-RS) contra o deputado Jair Bolsonaro
(PSL-RJ) que a ofendeu mais de uma vez na Câmara, daria um jeito de apressar o
desfecho do caso.
Bolsonaro
corre o risco de ser punido. Mesmo que seja com uma pena branda, de prestação
de serviços sociais, isso poderá lhe trazer enorme prejuízo eleitoral. A
eventual punição dele, somada a uma eventual não punição de Lula, provocaria um
barulho político infernal.
Não parou
por aí. Aos ministros inclinados a acabar com a prisão em segunda instância por
meio do julgamento de outro recurso impetrado em favor de Lula, Cármen informou
que, se ninguém pedisse, ela pediria vista do processo, engavetando-o por um
longo tempo.
Cármen
não precisará pedir. Outros ministros estão dispostos a pedir. Mas como o
tribunal costuma pensar primeiro na própria imagem, é possível que acabe por
não deliberar a respeito, deixando tudo como está. O mandato de Cármen na
presidência do Supremo termina em setembro.
Vem por
aí o ministro Dias Toffoli, que assumirá o lugar dela. Todo cuidado será pouco.
Blog NOBLAT
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