Em pleno século XXI, em uma cidade que abriga uma das poucas estações de tratamento de água do Rio Parnaíba na microrregião, moradores de Duque Bacelar enfrentam o drama da seca dentro de casa.
No Bairro Zé Furtado, a cena mais comum é a de depósitos, baldes e tambores espalhados pelos quintais, tentando armazenar o mínimo possível de água para garantir o básico: beber, cozinhar, tomar banho e lavar roupa.
Uma dona de casa, visivelmente constrangida, mostrou os recipientes usados para estocar água, expondo o retrato cruel de uma realidade que se arrasta há dias.
A situação ganhou contornos ainda mais graves com o desabafo de uma moradora, publicado nas redes sociais, que revelou a humilhação por trás da crise: “Fui pedir pro carro-pipa encher a caixa aqui em casa, tem que ir pedir autorização pro secretário”, escreveu, indignada com o descaso.
A revolta da comunidade não é à toa. Duque Bacelar é, ironicamente, a única cidade da região a contar com uma estação de tratamento de água que capta direto do Rio Parnaíba — o que, em tese, garantiria abastecimento regular e de qualidade para toda a população. No entanto, a realidade é oposta: torneiras secas, moradores desesperados e um poder público que parece cada vez mais distante dos problemas reais do povo.
O que se vê é a total falta de zelo e compromisso com as necessidades básicas da população. A água, que deveria ser um direito garantido, virou privilégio para quem consegue autorização ou tem influência. Enquanto isso, as famílias mais humildes são submetidas à humilhação e à incerteza diária sobre como irão suprir suas necessidades mais elementares.
A pergunta que ecoa entre os bacelarenses é simples e urgente: onde está o respeito com a dignidade da população?
A crise hídrica que atinge Duque Bacelar não é causada pela natureza, mas pela omissão e pela má gestão. E enquanto o povo clama por água, o silêncio das autoridades ecoa como um grito de desprezo.
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