quarta-feira, 16 de julho de 2025

“Sessão de Encerramento da Câmara de Duque Bacelar: Aplausos, Aleluias e Amnésia Coletiva”.

 

Duque Bacelar - MA. 

A Câmara de Vereadores daquele município encerrou, na noite da última segunda-feira, seu semestre legislativo com pompa, sorrisos largos e plateia reduzida — restrita basicamente aos “cheira-peidos” de plantão, aqueles fieis escudeiros que onde o prefeito vai, eles vão atrás, sem saber se estão em uma sessão, missa ou comício.

A reunião, que contou com a ilustre presença do próprio prefeito, foi celebrada pelos vereadores — todos aliados do executivo — como uma “sessão excelente pelos resultados alcançados”. Mas aí vem a pergunta que não quer calar: quais resultados?

Será que descobriram, enfim, o verdadeiro dono do famoso Posto de Gasolina O Duque? Ou desenterraram a papelada que mostra para onde foi parar a dinheirama dos empréstimos milionários contraídos pelo município junto ao Banco do Brasil e à Caixa Econômica? Talvez tenham dado fim aos eternos problemas de infraestrutura que afligem a população, ou iniciado uma CPI sobre as licitações viciadas e contratos com empresas de fachada, que já foram, inclusive, alvo da imprensa estadual? Nada disso.

A única coisa verdadeiramente concreta alcançada pelos vereadores neste semestre foi tirar o povo das sessões. Isso mesmo. Desde que mudaram o único dia de reunião semanal de sexta pela manhã para quinta à noite, ninguém mais aparece. E agora, sentindo falta do calor popular (ou da pressão popular?), já se cogita voltar ao antigo horário. Afinal, sessão vazia demais também pega mal na foto.

O momento mais pitoresco da noite, no entanto, foi durante a parte ecumênica da abertura. Lá estava o prefeito, de olhos fechados e mãos erguidas, orando. Talvez pedindo perdão a Deus pelos pecados cometidos contra o seu povo — ou, quem sabe, agradecendo por mais um semestre tranquilo, blindado, silencioso.


Em resumo, a Câmara encerra o semestre como começou: submissa, irrelevante e esquecida. O povo de Duque Bacelar, por sua vez, já nem lembra mais que existe um Poder Legislativo na cidade. E os poucos que lembram, preferem fingir que não.


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