Antes de qualquer letra ou palavra, quero embasar esta peça no artigo 1°, do Código de Ética jornalística, para considerar, como deve ser, a verdade e o interesse público.
A última eleição da Câmara de Vereadores de Coelho Neto foi realmente atípica. Há mais ou menos quinze anos ela não acontecia em chapa única.
Esse fato chama a atenção para um fator importante: a rejeição dos demais vereadores ao presidente Rafael Cruz, algo somente visto contra o então vereador Raimundão quando o então prefeito Soliney Silva tentou impor sua eleição na Câmara, num confronto direto com a sua bancada. O resultado disso todos nós já sabemos.
Sem pretender criar mal estar na base e no governo, principalmente entre o clã Souza Cruz e o prefeito Bruno Silva, o discurso do presidente Rafael durante a eleição da Câmara, na última terça-feira, foi direto e sem arrodeios, com a convicção de quem realmente se sentia vítima do chamado "fogo amigo". Discursos assim, costumam ter efeitos na mesma proporção, porém, não sabemos ainda como o prefeito Bruno está digerindo o ocorrido.
Lamentável é que pessoas ligadas ao presidente Rafael (familiares e alguns aliados) estejam emitindo indiretas ao governo nas redes sociais e novos recados diretos ao prefeito, quando, na verdade, tudo é uma questão de consciência. Se bem que a interpretação que vai prevalecer será a do prefeito Bruno Silva.
Contudo, o exercício da política tem revelado enorme diferença entre os considerados amigos dentro e fora do poder e os amigos só do poder. Até que se prove o contrário, é isto o que está sendo revelado nessa questão.
A oposição tem tentado tirar proveito político desse fato, embora não consiga sair de cima do rastro. Já fala em vazamento de áudios, o que acredito não tenha lavra nem autorização de Bruno Silva, e tenta, ao seu modo, colocar o prefeito como pivô dessa tal traição, materializada apenas no discurso de Rafael.
Porém, há controvérsias. Nunca se ouviu falar em compromisso do prefeito Bruno Silva para com a reeleição do presidente Rafael Cruz. Até onde se sabe, politicamente tudo o que foi acordado entre eles foi honrado de ambas as partes. Aliás, é público e notório que Rafael é quem ocupa maior espaço dentro do governo, sobretudo, na educação, com cargos no primeiro e segundo escalões e direção de várias escolas. É importante esclarecer que isso não é exclusividade de Rafael Cruz.
Além do mais, para se eleger prefeito, Bruno Silva precisou de uma ampla conjuntura. E, durante a maior parte da sua administração até aqui, sempre contou com o apoio de 12 dos 13 vereadores.
Agora, a oposição, baseada na reverberação do discurso de Rafael, tenta incutir nas pessoas que ele teria sido traído pelo prefeito. Ora, não precisa ser expert em política para concluir que Rafael é na verdade o único responsável pelo resultado da eleição da Câmara. Ele tem do seu lado o pai Antônio Cruz, seu ídolo e mentor político, porém, politicamente falando, ou ele não obedeceu às instruções ou se excedeu em obediência. Rafael teve dois anos para articular entre os colegas de parlamento a sua reeleição, mas, não o fez. Deixou para os 45 minutos do segundo tempo, quando a rejeição junto aos vereadores já era irreversível.
Outro fato que também pode ter contribuído para o resultado da eleição legislativa foi, Rafael, ao invés de se articular internamente, tentar se utilizar dessa sua aproximação com o prefeito para buscar sua reeleição.
Entrementes, segundo consta, ele teria agido de forma bastante pretensiosa ao garantir que seria o próximo vice na chapa de reeleição de Bruno Silva e, de forma considerada agressiva por alguns vereadores, teria sentenciado que, quem não gostasse da ideia, poderia sair do grupo.
Todavia, Bruno Silva jamais iria comprar uma briga interna da Câmara e se desgastar perante a sua bancada. Qual prefeito faria isso? Acredito que ele não o fez por confiar também no discernimento do amigo e aliado (creio que ainda o seja) Rafael Cruz.
Ainda sobre a rejeição, a prova disso é que Rafael sequer foi convidado para fazer parte da chapa.
Sobre a questão da "famosíssima" alternância de poder" - concluindo à moda singela - ela sempre foi ferramenta da Oposição fundamentada na manutenção de uma cambiante ordem democrática. (Sic).
Não restam dúvidas que Bruno Silva vai buscar sua reeleição, o que certamente fará com base nos seus feitos e junto ao povo do seu município. Se não der certo, o que é improvável, certamente será ele o único responsável. O que não é válido é, ao final, ele tentar terceirizar essa responsabilidade a alguém ou ao seu grupo político.
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