As críticas chegaram às redes sociais de forma bem humorada. Os alunos, inspirados no projeto BRASIL QUE EU QUERO PARA O FUTURO,
publicaram vídeo chamando a atenção dos internautas para o problema, cuja
atitude deveria servir como um “puxão de orelha” na administração municipal.
A nível de Brasil e, segundo João Batista Pontes, especialmente no
Nordeste, inúmeros estudos e pesquisas têm demonstrado a importância da
alimentação para o desenvolvimento físico e cognitivo das crianças.
Inegavelmente a desnutrição infantil tem no retardo do crescimento o reflexo
mais evidente. Mas ela afeta também e igualmente o aprendizado, sendo hoje
apontada como uma das causas de fracasso escolar.
Ainda que não seja suficiente para afastar a desnutrição, ela é
essencial para garantir um melhor rendimento escolar, minorando os efeitos
sensoriais da fome e elevando o sentimento de cidadania. Por isto, cabe à
escola promover todos os esforços para oferecer aos estudantes uma merenda
nutricionalmente adequada.
A má qualidade da alimentação nas escolas, no entanto, é uma realidade
presente praticamente em todos os municípios, em decorrência de má gestão da
ação ou, especialmente, da corrupção. Calcula-se, com bases nas
poucas auditorias realizadas pela CGU, que aproximadamente 30% dos recursos
destinados a essa finalidade são desviados.
Lamentavelmente, as fiscalizações efetuadas pelos órgãos públicos
competentes, principalmente pela Controladoria Geral da União – CGU,
registraram, entre outros problemas: falta de merenda nas escolas; ausência de
mecanismos de controle nos depósitos, com relação ao recebimento e à
distribuição dos alimentos para confecção da merenda escolar; notas fiscais
falsas ou com discriminação deficiente da marca dos gêneros alimentícios
fornecidos; transferências injustificadas dos recursos do Programa para outras
contas; valores não aplicados na finalidade do programa; produtos destinados à
merenda escolar com prazo de validade vencido, assim como gêneros alimentícios
adquiridos com sobrepreço ou superfaturados, fornecidos por empresas que, em
conluio com os gestores escolares, atuaram com fraude nos procedimentos licitatórios.
Foto: Reprodução |
Em verdade, o ponto nevrálgico encontra-se justamente na formalização
e/ou existência de irregularidades em tais procedimentos licitatórios, onde
quase sempre atuam verdadeiras quadrilhas – envolvendo gestores públicos e
fornecedores – com o objetivo de monopolizar o fornecimento dos produtos
destinados à merenda escolar. E, por meio de práticas corruptas, a exemplo do
superfaturamento e do fornecimento de produtos de péssima qualidade, desviar
grande parte dos recursos do Programa para enriquecimento pessoal.
Como causas desses problemas, que levam a uma deficiente prestação da
merenda escolar, podemos apontar:
1. Atuação
insatisfatória dos conselhos de Alimentação Escolar – CAE dos municípios;
2. Falta do exercício,
pelas câmaras municipais, da importante função de controle e fiscalização da
gestão municipal, seja por incompetência ou mesmo por conivência com as
práticas corruptas;
3. Falta de
organização da sociedade, com vistas a fiscalizar e controlar a gestão pública
municipal, assim como colaborar para o aperfeiçoamento da gestão dos recursos
públicos.
Esse problema da merenda, portanto, se constitui em um dos maiores
crimes cometidos contra a educação do País e, por via reflexa, contra a
coletividade. Certamente, esse não é o Duque Bacelar nem o Brasil que queremos para o futuro.
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