As sanções impostas pelos Estados Unidos ao ministro Alexandre de Moraes e, de quebra, à sua esposa, Viviane Barci de Moraes, são mais do que um gesto diplomático: são um tapa na cara do Brasil.
Pela primeira vez, uma potência estrangeira resolveu dizer em alto e bom som o que muitos aqui dentro já murmuravam em voz baixa — que Moraes ultrapassou todos os limites de um juiz constitucional e se transformou numa espécie de xerife político, dono da última palavra sobre quem pode ou não se expressar.
O governo americano acusa Moraes de autorizar prisões arbitrárias, sufocar a liberdade de expressão e agir como “juiz e júri” em processos que não deveriam jamais estar em suas mãos. A resposta foi dura: bloqueio de ativos, proibição de transações financeiras e revogação de vistos. Depois, veio a ampliação da punição à esposa e à empresa da família, deixando claro que os EUA não estão apenas mirando o ministro, mas todo o seu entorno.
Moraes reagiu como era esperado: chamou tudo de ilegal, disse que é um ataque à soberania e à independência do Judiciário. O governo Lula engrossou o coro, levou o caso para a ONU e tentou vestir a fantasia de vítima da ingerência externa. Mas a pergunta que fica é: quem foi mesmo que abriu a porta para esse vexame internacional?
Quando um magistrado acumula poderes de investigador, acusador e julgador, ignora garantias constitucionais e ainda transforma críticas em “ataques à democracia”, o terreno da arbitrariedade está pronto. Foi nesse solo que Moraes plantou seus ventos — e agora a tempestade veio de fora, com força e com a marca de quem não tem medo de impor consequências.
Não se trata de defender ingerência estrangeira sobre assuntos internos, mas é impossível ignorar o simbolismo do gesto. Os EUA, que não costumam mexer em vespeiro alheio sem cálculo político, decidiram expor Moraes ao mundo como exemplo negativo. Isso mancha a imagem do Brasil, desgasta ainda mais nossas instituições e coloca em xeque a narrativa de que aqui tudo funciona dentro da normalidade democrática.
No fim das contas, a cena é constrangedora: enquanto Moraes insiste em dizer que não tem nada a esconder e que não possui bens no exterior, sua esposa e a empresa da família entram no pacote das sanções. É como se os EUA estivessem dizendo: “Se não doer no bolso dele, vai doer em quem está perto”.
Moraes pode até resistir internamente com apoio de setores políticos e da mídia alinhada, mas internacionalmente já carrega a marca de um juiz sancionado por violar direitos humanos. E essa tempestade, convenhamos, não nasceu do nada — foi ele mesmo quem a cultivou.
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