Demonstrando inquietação emocional, o prefeito daquele município, Flávio Furtado/PDT, protagonizou ontem, 08, um show de desinformação em um grupo de whatsapp ao tentar combater o piso salarial, reajustado em 33,24% pelo governo federal.
Só para relembrar, o Piso Salarial é o valor mínimo que profissionais de uma determinada categoria devem receber. Neste caso, trata-se do vencimento mínimo para os profissionais do Magistério Público da Educação Básica em início de carreira. A regra foi criada por uma lei de 2008 e é válida em todo o país.
O valor do piso do magistério é calculado com base na comparação do valor aluno/ano do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) dos dois últimos anos. O valor aluno/ano é o valor mínimo estabelecido para repasse do Fundeb para cada matrícula de aluno na educação básica por ano. Em 2021, o valor aluno/ano foi de R$ 4.462,83. Em 2020, R$ 3.349,56. A diferença percentual entre os dois valores é de 33,23%, exatamente o percentual de reajuste. (Fonte: g1.globo).
Dizendo-se defensor da valorização dos professores, Furtado teria dito que o município já paga valor equivalente ao piso reajustado, o que foi desmentido pela professora Euene Vital.
A interferência da professora soou como gasolina jogada ao fogo. Flávio Furtado, que já mantinha acalorada discussão com outros integrantes do grupo, taxou Euene de desinformada, desafiando-a a mostrar seu contra-cheque com valor inferior. "Se o seu salário-base for 2 mil 460 reais, professora, comemore. Pode comprar os foguetes e soltar em Duque Bacelar que o aumento eu ainda dou hoje. O salário-base em Duque Bacelar, minha querida, é 3 mil 908", teria afirmado.
Essa reação do prefeito às afirmações da Professora Euene, motivou que ela publicasse outro áudio, replicando as desastradas colocações deste, o qual grifamos:
"Você (Flávio Furtado), durante sua fala, tem usado muito a mim, professora, como referência e exemplo. Mas, na verdade, você utiliza desses artifícios para mandar seu recado para toda a categoria de professores, principalmente aqueles que lhe apoiaram na sua eleição e que hoje estão decepcionados com a sua falta de sensibilidade, falta assim, de respeito e valorização da classe", teria dito Euene.
Ela também teria lembrado ao prefeito que a lei 11738/2008, que criou o Piso Nacional dos professores da educação básica para a formação em nível médio também diz que o piso é para jornada de no máximo 40 horas. "Isso significa que há outras jornadas. A lei assegura que sejam garantidas as demais jornadas e as suas respectivas proporcionalidades, certo? Digo mais, quem apresenta desinformação é você, prefeito, e faz isso com um único objetivo: o de colocar a opinião pública contra os professores, justamente nós que somos formadores e educadores dos futuros cidadãos bacelarenses", denunciou.
Em outro trecho do áudio, Professora Euene lembra que a Lei Municipal que criou o Plano de Cargos, Carreira e Remuneração - PCCR não contempla jornada de 40 horas/aulas e sim a jornada de 20 horas/aulas. "Por isso que meu salário base é esse que mostrei e a Lei garante que o reajuste deve ser feito em cima dele. As demais vantagens são acrescidas em cima do salário-base. E, eu volto a repetir que é de R$ 2 460,92 por turno. Então, senhor prefeito, como é sabido por todos, eu tenho duas matrículas de 20 horas. O que apresentei é real e verdadeiro. Não venha dizer você que sou desinformada porque eu não sou, eu conheço meus direitos", teria afirmado.
Professora Euene teria criticado o prefeito quando ele afirmou não tirar direitos dos professores. "Ao descumprir a Lei você já está fazendo isso!", teria exclamado.
Ela lembrou ainda que Flávio teria se reunido com o Sindicato, mas, em nenhum momento teria apresentado uma solução para o impasse. "E mais, prefeito: não existe desculpa, que não tem dinheiro. O recurso para pagar o reajuste do Piso tá assegurado no novo Fundeb", alertou.
Dos três municípios que formam a Comarca, apenas Coelho Neto pagou o reajuste.
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