domingo, 20 de março de 2022

Editorial

Por: Milton Vieira.

Domingo, 20 de março de 2022.




Eu não sou sociólogo, mas, tenho que concordar com fato de que o crescimento urbano desordenado e as chuvas de verão geram prejuízos e consequências graves para a situação de moradia em Coelho Neto.


Hoje, cedo, troquei mensagens com alguns amigos, e o Dr Benjamim Pessoa Vale, cirurgião coelhonetense e cidadão teresinense, me disse o seguinte: "As águas procuram seus lugares , a mão humuna muitas vezes é imprudente e a natureza sempre cobra a conta , mas essas cenas sempre nos causam tristeza , pessoas em sofrimento... temos que procurar uma solução e viver em equlibrio com a mãe natureza".


A chuva de ontem, à tarde, pegou a Coelho Neto toda de surpresa! Chuva que costuma cair até a metade do mês, caiu em menos de uma hora. Foi terrível, realmente!


Ocorre que a cidade foi mal planejada. A partir dos anos de 1970, com a revitalização das indústrias locais, a população deixou de ser majoritariamente rural. 


Além do êxodo rural, passou a receber um enorme contingente de pessoas, vindas das mais diferentes regiões do país e até do exterior, em busca de melhores condições de emprego, de renda e de qualidade de vida. 


No tocante à moradia, décadas depois, com o encolhimento industrial, restavam apenas as regiões periféricas que ao longo dos anos formariam a chamada periferia com deficiências de infraestrutura fundamental, além de terrenos nem sempre com condições topográficas favoráveis à construção de casas. 


Pior: as pessoas foram construindo, cada qual de acordo com a sua condição, sem critérios normativos e até mesmo sem requerer o exigido alvará de construção junto à prefeitura. Ou, seja, ao adquirirem um terreno (comprado, doado ou invadido), construíram de qualquer jeito sem perceber que estavam contribuindo para o que está acontecendo. 


Ora, o Rio Parnaíba nunca vai mudar seu curso. Assim também são os afluentes, córregos e riachos. Sempre que ocorrer aumento do índice pluviômetrico, eles vão seguir seu curso natural. Também não é por isso que as pessoas atingidas pela chuva de ontem não mereçam ajuda. Claro que merecem! E, acredito que a terão.


Logicamente, é preciso considerar a responsabilidade do Poder Público no que diz respeito não apenas à simples fiscalização para impedir a formação de moradias em locais de risco. É que não procedeu à formulação de políticas públicas mais amplas que dessem conta do déficit habitacional existente.


Mais lamentável do que tudo isso é a insensatez de uma leva de políticos mesquinhos a depositar a culpa pelos transtornos de ontem ao atual prefeito da cidade, na tentativa de angariar dividendos eleitorais. Coitado do Bruno Silva! Para eles, é como se o prefeito tivesse o poder de se sobrepor às causas naturais! Logo ele, que tem demonstrado tanta vontade, tanta solidariedade àqueles que não têm moradia digna. Mas, faz parte da nossa ameaçada democracia. 


Deus abençoe a todos!

 




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